Nas maratonas os atletas desenvolvem ao longo do percurso um ritmo moderado poupando energia para o trecho final, onde queimam suas reservas, correm a todo vapor para abrir uma vantagem em relação aos adversários, o famoso “Sprint”. Entretanto, para ter o sucesso na corrida não basta apenas “bombar” na reta final, um desempenho razoável em todo o trajeto é fundamental, não deixar que os oponentes abram uma vantagem larga demais e que se torne insuperável na reta final.
Nas eleições desse ano, esse é o momento do Sprint, da superação, de se queimarem todas as energias acumuladas na preparação visando à vitória no domingo. Olhando esses quase três meses de campanha podemos analisar as estratégias de cada coligação e os desafios de cada uma nesse momento, bem como a posição de cada uma ao longo da corrida eleitoral.
Embora os candidatos de oposição tenham o desafio de concorrer com um prefeito em reeleição, isso não significa que Queiroz, apenas por estar no cargo, seja imbatível. Além de estar no cargo o mesmo tem que possuir uma gestão bem avaliada, uma percepção geral de uma boa governança. Temos nas cidades circunvizinhas inúmeros casos de prefeito com grandes dificuldades ou até mesmo que desistiram de suas candidaturas, Bezerros, Gravatá, Belo Jardim, Toritama e um pouco mais distante Olinda, onde Renildo Calheiros, apesar de ter uma coligação gigantesca e os apoios das máquinas estadual e federal, vem tendo uma campanha difícil.
Candidato à reeleição, Queiroz teve a hercúlea tarefa de apagar da mente do eleitor os seus três primeiros anos de mandato, marcados pela inoperância e crises em áreas fundamentais do seu governo. Sucessivamente bombardeado pela mídia, onde tínhamos praticamente uma crise mensal. Chegou-se em inúmeras oportunidades, em virtude da alta rejeição ao longo do seu mandato, a especular que ele poderia abrir mão da reeleição.
A reversão de uma gestão desacreditada para líder nas pesquisas foi conseguida primeiramente resolvendo os gargalos da gestão que finalmente desandou no último ano de governo e que possibilitou a recuperação dos índices de aprovação. Na campanha o mesmo conseguia impedir o lançamento de candidaturas rivais dos partidos que compõem a frente popular, que poderiam dividir os votos das esquerdas. Contou com um guia bem elaborado, superior aos de seus adversários e também colou a sua gestão nas ações realizadas pelos governos estadual e federal em Caruaru. A massificação da presença de políticos e artistas, os chamados formadores de opinião, anabolizaram a candidatura de Queiroz, e serviram para desviar o foco das contradições de sua administração, como uma cortina de fumaça.
Boa parte do sucesso de Queiroz é resultado direto da incompetência da oposição em elaborar um discurso consistente e convincente, existe em Caruaru uma receptividade para uma renovação dos quadros, para o novo, uma massa de votos que poderia decidir a eleição mais que refluíram para Queiroz, pois não foram agregados pela oposição.
Nessa reta final o esforço de Queiroz, a quem as pesquisas indicam uma vantagem que oscila entre 12% e 21%, é alargar essa margem, pois se o mesmo tiver uma vitória pífia começara seu mandato sob questionamentos, assim como Tony Gel em 2004, e com uma oposição fortalecida, pois se afirmará que ganhou porque não enfrentou uma candidatura competitiva, como Licius ou Raquel. Além de vencer Queiroz deve convencer, esse é o seu desafio do seu Sprint.
OBs: Em virtude do espaço, publicarei ao longo da semana outros textos analisando os demais candidatos.
*Mário Benning é analista político